Para Renan Diego, consultor financeiro, a nova funcionalidade pode comprometer as finanças pessoais se for usada sem planejamento
O Pix é o método de pagamento favorito entre os brasileiros atualmente. É o que apontou o levantamento mais recente divulgado pelo Banco Central, que revelou que 76,4% da população utiliza a funcionalidade no seu dia a dia, enquanto o cartão de crédito é utilizado entre 69,1% da população. O favoritismo levou à busca de atualizações por parte do BC e o Pix parcelado poderá ser usufruído pelos consumidores a partir de setembro. Para Renan Diego, consultor financeiro, a nova modalidade, apesar de ser benéfica para muitos usuários, pode ser uma via de endividamento.
“O consumidor deve se atentar às regras dessa atualização. Isso porque o Pix parcelado terá uma função semelhante ao cartão de crédito, ou seja, ele terá que arcar com as cobranças da operação, como os juros e o IOF, embora em patamares mais baixos. Para quem possui limite reduzido ou comprometido, pode ser uma boa alternativa. No entanto, um planejamento financeiro minucioso é fundamental para evitar que novas dívidas sejam feitas”, explica Renan.
Nessa atualização, o consumidor conseguirá comprar um produto ou serviço, seja loja física ou online, e pagar o valor em diversas parcelas, enquanto o lojista recebe o valor total da venda à vista. Isso porque os bancos ficarão responsáveis por adiantar o pagamento ao comerciante e depois realizar as cobranças das parcelas do cliente. Se haverá juros ou não, além da sua porcentagem, fica a critério da política da instituição financeira.
“Alguns bancos já ofereciam essa funcionalidade, mas ela estava atrelada ao cartão de crédito do usuário. Dessa forma, ele poderia até aproveitar do Pix parcelado, porém a compra iria para a sua fatura do cartão. Com esse novo upgrade, essa ligação entre as funções já não é necessária. Como são operações separadas, alguns consumidores podem acabar esquecendo que fizeram a compra pelo Pix. Por isso, o acompanhamento financeiro é essencial”, recomenda o consultor financeiro.
Para muitos lojistas, o Pix parcelado surge como uma oportunidade de aumentar as vendas, o que também pode aumentar a competitividade em seus devidos setores. Para os consumidores, de acordo com Renan, a atualização pode ser um novo calcanhar de aquiles, exigindo cautela na hora de usar o recurso.
“Poderá ser visto como uma solução rápida para muitos, principalmente por aqueles que não tem limites disponíveis, em situações de imprevistos. Mas, o Pix parcelado pode se tornar um ciclo vicioso, quase como uma bola de neve difícil de controlar porque irão estar atrelados aos juros, mesmo que sejam mais baixos, tornando o endividamento cada vez mais profundo”, Renan alerta.
Para o consultor financeiro, o Pix parcelado deve ser utilizado apenas quando houver a certeza de que será possível arcar com taxas e juros, sem que haja o risco da falta de pagamento, mesmo em momentos de emergência. A criação de uma reserva financeira é uma boa saída para quem está no processo de quitação de dívidas, já que mesmo com um orçamento comprometido, é possível realizar compras sem dores de cabeça.
Sobre Renan Diego:
Especialista em finanças pessoais e investimento, Renan Diego é formado em Engenharia Mecânica pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e atua há quase 10 anos como educador financeiro e consultor no segmento. À frente da edtech Produtividade Financeira, o carioca já educou mais de 8 mil brasileiros que querem administrar melhor o próprio dinheiro e investir do zero. O profissional também conta com MBA em Value Investing. Hoje, com mais de 340 mil seguidores no Instagram (@renandiegooficial), o especialista compartilha na sua página oficial conteúdos sobre como poupar, administrar e investir melhor o dinheiro.