Com público crescente e obras premiadas, setor audiovisual atrai capital privado e inaugura modelo de co-investimento na distribuição de filmes com potencial de sucesso comercial e artístico
O cinema vive um momento de retomada vigorosa no Brasil e no mundo. Em 2024, o país ultrapassou a marca de 125 milhões de ingressos vendidos, movimentando cerca de R$ 2,5 bilhões em bilheteria, segundo dados da Agência Nacional do Cinema (Ancine). Mas, ao contrário do que se imagina, o maior retorno financeiro da cadeia audiovisual não está na produção, e sim na distribuição, etapa que conecta os filmes prontos ao seu público final nas salas de cinema, TVs e plataformas de streaming. É nesse contexto que surge uma nova lógica de investimento: apostar no desempenho comercial de filmes já finalizados e com alto potencial de receita.
Unindo expertise financeira e curadoria cinematográfica, a Hurst Capital, maior plataforma de ativos alternativos da América Latina, fez uma parceria com a distribuidora Retrato Filmes para lançar uma estrutura inovadora de co-investimento voltada à distribuição de obras com reconhecimento internacional.
“Distribuir bem é mais do que colocar um filme em cartaz. É construir uma audiência, criar relevância e gerar receita com inteligência. E isso pode ser tão lucrativo quanto estratégico”, afirma Laura Rossi, Head de Investimentos em Audiovisual da MUV Capital, divisão da Hurst especializada em entretenimento.
A parceria já garantiu os direitos de exibição de três filmes da competição oficial do Festival de Cannes 2025: Sirat, Woman and Child e Two Prosecutors, além do espanhol Sorda, premiado no Festival de Berlim. Os títulos serão lançados comercialmente no Brasil entre o fim de 2025 e início de 2026, com recebíveis distribuídos ao longo da exploração comercial.
Com aportes a partir de R$ 10 mil, o modelo oferece aos investidores participação proporcional no resultado das obras, diluindo o risco por meio de um portfólio diversificado e com títulos já licenciados. A estrutura prevê retorno estimado de 23% ao ano, com prazo de oito meses, respaldada por contratos com exibidores e streamings já em negociação. Além disso, os projetos da Retrato Filmes, nova distribuidora fundada por especialistas com mais de 30 anos de experiência na distribuição de filmes, geraram R$ 20 milhões em receita em 2024.
“A parceria com a Muv Capital potencializa um movimento que já vínhamos construindo com muito cuidado: apostar em filmes que nos representam como curadores e que têm potência real de diálogo com o público. Nosso catálogo tem produções e coproduções brasileiras que nos enchem de orgulho, e agora ganha um braço internacional que reforça esse compromisso com obras relevantes, provocadoras e de alta qualidade”, afirma Felipe Lopes, cofundador da Retrato Filmes.
A iniciativa também surge como resposta à ausência de políticas públicas de fomento à distribuição desde 2018. “O capital privado está assumindo um papel essencial na sobrevivência e renovação do setor audiovisual. Não se trata apenas de viabilizar filmes, mas de fazer com que eles sejam vistos. Vamos oferecer ao público brasileiro histórias que informam, emocionam e inspiram e, ao mesmo tempo, democratizar o acesso ao investimento cultural”, afirma Arthur Farache, CEO da Hurst Capital.
O crescimento do setor audiovisual, combinado à transformação digital e à expansão dos canais de exibição, abriu espaço para uma nova geração de investidores culturais. “Ao participar da distribuição de filmes, o investidor não atua mais apenas como espectador ou patrocinador, mas como agente ativo no sucesso de uma obra com direito a retorno financeiro proporcional ao seu desempenho”, lembra Farache.
Com um público nacional ávido por novidades e uma indústria em plena efervescência, o cinema se consolida não só como expressão cultural, mas como ativo econômico estratégico. “Investir em cinema deixou de ser utopia artística. Agora, é uma decisão de mercado. O audiovisual abre caminho para quem busca rentabilidade com propósito e uma boa história para contar”, conclui.