Espetáculo “Margarida: Pra você lembrar de mim” traz sete apresentações em Crato e Juazeiro do Norte

Foto: Natália Tupi

Multiartista paraibana Luz Bárbara abre temporada de apresentações no Cariri. O projeto seguirá para outra cidade, totalizando 10 apresentações neste mês de outubro.

Sobre o espetáculo

O projeto Margarida no Mato apresenta o espetáculo “Margarida: Pra você lembrar de mim”, com temporada de apresentações no Cariri Cearense e no Sertão de Crateús, neste mês de outubro.

A temporada contempla as cidades de Crato e Juazeiro do Norte, com início nesta sexta-feira, 10 de outubro, às 19h, na Casa de Farinha Mestre José Gomes, ponto de cultura da comunidade do Baixio do Muquém, em Crato.

A classificação indicativa da performance é a partir de 14 anos e tem duração de 50 minutos, sendo estrelado pela performer Luz Bárbara. O espetáculo traz uma proposta cênica que rompe fronteiras entre linguagens artísticas. A montagem dialoga com características do teatro documentário, da performance e do cinema expandido, construindo uma dramaturgia audiovisual que mistura narrativa histórica, memória pessoal e intervenção poética.

A peça já passou por cidades como Porto Alegre, Brasília, São Paulo, Rio Grande do Sul e Crato-CE.

Dramaturgia, memória e estética

A dramaturgia conta com sons, manipulação de objetos, interação com o público, abertura de câmera ao vivo e projeções audiovisuais. Esses recursos recontam fatos históricos pouco conhecidos, tornando a memória um elemento palpável e compartilhado com o espectador.

Assim, o objetivo estético se potencializa: dar forma poética, visual e cênica à memória. O espetáculo reconstrói lembranças entre passado e presente, indivíduo e coletividade.

A montagem revive a trajetória de Margarida Maria Alves, líder sindical assassinada em 1983 por defender trabalhadores rurais, além de evocar a memória do Cariri paraibano e ancestralidade do povo Kariri.

Publicação da obra e reflexões contemporâneas

Em 2023, a obra foi publicada pela N-1 Edições, dentro da Caixa de Dramaturgias Indígenas. O livro reúne 11 dramaturgias de artistas indígenas do Brasil, Chile e Argentina.

A coletânea aborda autoficção e questões contemporâneas, como retomada de territórios e identidade de gênero.

Sobre Luz Bárbara

A multiartista Luz Bárbara dirige e protagoniza o projeto. Natural da Paraíba, migrou para São Paulo, onde fortaleceu sua identidade Kariri e se reconectou com saberes antigos do seu povo.

Sua relação com Margarida é de intersecção: migração nordestina, ancestralidade e resistência. Bárbara conta e reconta a história da heroína com respeito e afeto, reacendendo a memória da sindicalista em um retorno simbólico à sua casa e ao seu túmulo.

Lembrar é resistir”, afirma Luz Bárbara, ao destacar que a montagem não apenas homenageia Margarida, mas também reencanta a memória ancestral do povo Kariri e de tantas mulheres do campo.

A temporada inclui apresentações em comunidades com forte presença de ancestralidade indígena e ruralidade, ampliando o diálogo entre arte, território e memória coletiva.

Quem foi Margarida Maria Alves?

Margarida Maria Alves nasceu em Alagoa Grande (PB). Trabalhadora rural e líder sindical, moveu mais de 600 ações trabalhistas em 12 anos de mandato, todas ganhas. Lutava por direitos básicos, como salário digno, férias, carteira assinada e regulamentação da jornada de trabalho.

Também participou da criação do Movimento de Mulheres do Brejo (MMB), uma das primeiras organizações de mulheres da América Latina.

Ao liderar o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, enfrentou usineiros, fazendeiros e políticos da região. Em 12 de agosto de 1983, foi assassinada aos 51 anos na porta de casa, diante do marido, filho e vizinhos. Sua família foi expulsa das terras.

A morte de Margarida teve repercussão nacional e internacional, com apoio da Anistia Internacional. Ela é homenageada na Marcha das Margaridas, maior encontro de mulheres da América Latina, realizado a cada quatro anos em Brasília desde 2000.

Em 2000, durante a primeira Marcha das Margaridas, houve denúncia contra o Estado brasileiro na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). Após anos de tramitação, Margarida foi reconhecida como anistiada política em 2016. Em 2018, a CIDH responsabilizou o Brasil pela sua morte.

Apoio institucional

Este projeto tem o apoio da bolsa artística “Bolsa Funarte de Teatro Myriam Muniz”.

Serviço – Cronograma de apresentações

  • 10 de outubro (sexta) – Espaço Cultural Casa de Farinha Mestre José Gomes – Crato, 19h
  • 11 de outubro (sábado) – Festival Vem Pra Beatos – Ong BEATOS – Crato, 21h30
  • 13 de outubro (segunda) – Carrapato Cultural – Crato, 19h
  • 14 de outubro (terça) – Escola Alaíde – Juazeiro do Norte, 19h
  • 15 de outubro (quarta) – Aldeia de Poço Dantas – Crato, 18h30
  • 16 de outubro (quinta) – PROCEM – Projeto Cultural Edite Mariano – Crato, 19h
  • 17 de outubro (sexta) – Sítio Leite – Juazeiro do Norte, 19h
  • 18 de outubro (sábado) – Escola Indígena Raízes de Crateús – Crateús, 19h
  • 19 de outubro (domingo) – No auditório do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Tamboril – município próximo a Crateús, 19h

Referências e redes

Sobre a artista

Luz Bárbara é multiartista nas linguagens da performance, literatura, teatro e cinema. Pessoa trans não binária, indígena Kariri originária de Parahyba e migrante em São Paulo. É formada em Ciências das Religiões pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), com pesquisas em antropologia do imaginário.

Ficha técnica

  • Luz Bárbara – Concepção, Dramaturgia, Direção, Performance, Pesquisa e Produção Audiovisual e de Objetos cênicos
  • Edmilson Alves – Direção de produção
  • Michel Leocaldino – Iluminação e Edição Audiovisual e Projeções
  • Edceu Barboza – Dramaturgismo
  • Gleison Eugenio – Cenografia
  • Mari Piah – Identidade visual
  • Kalú Kariú – Designer Gráfico
  • Dalila da Silva Feitosa – Assessoria de Imprensa

Contato

Assessoria de Imprensa: Dalila da Silva – (88) 9 8859-4572

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Dalila da Silva

Jornalista graduada pela UFCA/CE, Produtora Audiovisual, Redatora e Revisora Textual.

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