Cultura que teve início no século 19, nos Estados Unidos, Chega ao Cariri
A Cultura Ballroom nasce no Harlem, subúrbio de Nova York, ainda no século 19, como movimento de entretenimento da comunidade LGBT, mas também como espaço que visava fortalecer a diversidade de sexualidade, gênero e raça.
A popularidade do movimento cresceu em 1990, com a música e o clipe Vogue da Madonna, artista que até hoje leva o Ballroom para as suas apresentações. No Brasil o pioneirismo aconteceu no Distrito Federal com as primeiras Ball’s (bailes) acontecendo no ano de 2015 em Brasília.
A cultura Ballroom é uma das mais ricas manifestações artísticas e políticas da comunidade LGBTQIA+, tendo como protagonistas pessoas trans, negras e/ou latinas. Um de seus pilares é o sistema de Houses (casas): coletivos que funcionam como famílias alternativas, compostos por figuras como Mãe, Pai e Filhos, que assumem papéis importantes dentro da cena e da comunidade.
Nas balls (bailes), as houses competem em diversas categorias artísticas que celebram performance, moda e corporalidade. Os prêmios podem incluir troféus ou valores em dinheiro. Mais que competição, os bailes são espaços de expressão máxima e refúgio para vivências marginalizadas pela sociedade.
A cultura Ballroom no Cariri tem início em 2024, com a fundação da Regional Ascendente Kasa de Cariri idealizada por Dominik Ytalo, Mãe Fundadora. A cultura já é bastante presente em Fortaleza — um dos polos da Ballroom no Brasil e no Nordeste, com cerca de oito anos de existência — e, há vários meses, vem se espalhando pelo restante do Ceará, já contando com eventos em Sobral, no Cariri e, futuramente, em Redenção.
Atividades Realizadas no Cariri
A primeira Ball ocorreu em dezembro do ano passado, na Encosta do Seminário, em Crato. O evento marcou a estreia da cena Ballroom na região e celebrou os primeiros movimentos de Dominik na apresentação da cultura no território, com oficinas teóricas e práticas em diversos espaços locais.
A segunda ball aconteceu em fevereiro, no auditório da RFFSA, com o tema Prevenção ao HIV e outras ISTs — uma pauta historicamente conectada à comunidade LGBTQIA+, em especial a pessoas trans e travestis. A ação teve impacto social significativo ao promover conscientização, acolhimento e disponibilizar estações de testagem rápida de ISTs, além de materiais de prevenção.
A terceira edição, realizada em junho foi a [Ball dos] Afetos, que celebra vulnerabilidade, leveza, romantismo, magia e sedução — em alusão ao mês de junho, quando se comemoram o Dia dos Namorados e o Orgulho LGBTQIA+.
O foco desta ball foi dar visibilidade a corpos LGBTQIA+ de forma romântica e afetuosa; evidenciar o lado sentimental da comunidade, valorizar e viver o amor — próprio e coletivo.
E quem faz essa cultura na Região?
Dominik Ytalo Cariri – Mãe Fundadora da Regional Ascendente Kasa de Cariri

Bicha afeminada de 20 anos de idade, pesquisador de dissidências de gênero e sexualidade, artista experimentalista e alternativo, ativista LGBTQIA+ e fomentador da Cultura Ballroom. Dentro de sua atuação, busca criar projetos que envolvam vieses de raça, gênero, sexualidade, arte, performance e classe, a fim de valorizar narrativas dissidentes, fomentar debates e criar espaços políticos para a comunidade LGBTQIA+. Como liderança regional da cultura Ballroom no Cariri, ocupa o posto de Mãe Fundadora da Regional Ascendente Kasa de Cariri. Atua com a realização de oficinas teóricas e práticas sobre a cultura, com o objetivo de oferecer letramento sobre a cena e suas diversas questões, contribuindo para a ascensão da Ballroom na região. Já conduziu oficinas teórico-históricas e práticas de Vogue Femme na Vila da Música, no Centro de Artes da Universidade Regional, no Instituto de Arte e Dança Cariri, no Centro Cultural do Araripe e no Quintal Delu’s. Atualmente, segue empenhado na missão de fomentar a arte, celebrar dissidências e impulsionar a cultura Ballroom no território caririense.
Bev Cariri – Princese da Regional Ascendente Kasa de Cariri

Bev Feitosa é uma pessoa trans não-binária de 26 anos, artista multidisciplinar e fomentadore da cena ballroom no Cariri cearense. Atua como Princese da Regional Ascendente Kasa de Cariri, sendo uma das pessoas responsáveis por fortalecer e apoiar a cultura ballroom na região.
Também se dedica à organização e participação de eventos culturais e do ativismo LGBTQIA+, junto do Coletivo Trans e Travesti do Cariri, contribuindo para a construção de espaços seguros, criativos e celebratórios para pessoas trans e dissidentes de gênero.
Além da presença na cena cultural, Bev também atua na área da tecnologia, onde desenvolve experiências de aprendizagem voltadas à formação de pessoas trans que desejam ingressar no mercado de trabalho tech. Coordena os cursos do TransDevs, iniciativa do DiversificaDev, e cria ambientes de aprendizagem mais humanos, inclusivos e engajadores — conectando tecnologia, educação e transformação social.
Acompanhe:
Atuando também como Coletivo Cultural a Kasa de Cariri tem atividades periódicas buscando alcançar espaço e visibilidade para a cultura Ballroom na região. Fique por dentro das atividades realizadas pela Kasa de Carir através dos perfis oficiais do Coletivo e de suas integrantes:
Kasa de Cariri: https://www.instagram.com/kasadecariri
Dominik Ytalo: https://www.instagram.com/dominikytalo._/
Bev Cariri: https://www.instagram.com/bevfeitosa
Dalila da Silva
Jornalista graduada pela UFCA/CE, Produtora Audiovisual, Redatora e Revisora Textual.