A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado acaba de aprovar o Projeto de Lei 2083/2022, que altera os artigos 50, 52 e 86 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal) e amplia a proteção às mulheres vítimas de violência doméstica após a condenação do agressor.

CCJ aprova Projeto de Lei inspirado em vítima de tentativa de feminicídio para ampliar a proteção às mulheres após condenação do agressor

Projeto de Lei 2083/2022 foi inspirado em Barbara Penna, que teve seu corpo incendiado e jogado do terceiro andar de um prédio em 2013. Ela sobreviveu e se tornou ativista.

A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado acaba de aprovar o Projeto de Lei 2083/2022, que altera os artigos 50, 52 e 86 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal) e amplia a proteção às mulheres vítimas de violência doméstica após a condenação do agressor. A decisão da CCJ é terminativa e dispensa votação no Plenário. Dessa forma, o PL segue diretamente para a Câmara dos Deputados.

Com as mudanças previstas, a tentativa de aproximação do agressor condenado da residência ou local de trabalho da vítima e de seus familiares passa a ser classificada como falta grave. O PL também inclui a transferência obrigatória do preso para estabelecimentos penais mais distantes da vítima em caso da continuidade das ameaças e agressões.

O PL 2083/2022 é de autoria de Soraya Thronicke (Podemos), que se inspirou no caso de Barbara Penna. “Eu e Sergio Moro conhecemos Barbara Penna na campanha de 2022. Lá em Porto Alegre, ela nos narrou a história dela e nós trocamos ideias acerca do texto [do PL], e Rosângela Moro também colaborou. Tenho que dar o mérito, o PL foi construído a seis mãos”, declarou Thronicke na votação.

Em 2013, Barbara foi vítima de tentativa de feminicídio em Porto Alegre (RS): teve o corpo incendiado e jogado do terceiro andar de um prédio pelo então companheiro. Ela sobreviveu, mas seus dois filhos morreram devido à intoxicação pela fumaça. Um vizinho idoso que tentou ajudar também faleceu. João Moojen, autor da tentativa de feminicídio, foi condenado a 28 anos de prisão e, mesmo preso, continuou a ameaçar Barbara. “Foi uma tortura diária”, Thronicke complementou.

Senadora Soraya Thronicke na sessão da CCJ em 12 de março de 2025 (Fonte: TV Senado)
PL 2083/2022 foi aprovado com 24 votos favoráveis (Fonte: TV Senado)

1 milhão de assinaturas pelo aprimoramento da Lei Maria da Penha

Barbara Penna se tornou ativista da causa, dedicando sua vida à luta contra a violência doméstica. Em 2019, ela criou um abaixo-assinado na Change.org que pede a atualização da Lei Maria da Penha para ampliar a proteção às mulheres vítimas de violência doméstica e garantir medidas verdadeiramente punitivas aos agressores. A petição de Barbara precisa de 12 mil assinaturas para alcançar a meta de 1 milhão de apoiadores: change.org/AtualizaLeiMariaPenha.

Barbara ressalta que a ampla adesão da sociedade à petição comprova a necessidade de mudanças na legislação. “Há parlamentares dispostos a apresentar o projeto no

Congresso, mas alcançar 1 milhão de assinaturas garantirá que ele seja encaminhado como um Projeto de Lei de Iniciativa Popular, demonstrando a urgência dessa atualização”, explica.

Advogados e especialistas em direito já analisaram e endossaram as propostas, garantindo sua viabilidade e impacto positivo na proteção das mulheres. “A Lei Maria da Penha foi um avanço, mas ainda possui falhas que precisam ser corrigidas para impedir novas tragédias”, destaca Barbara.

Barbara Penna foi vítima de tentativa de feminicídio e virou ativista dos direitos da mulher.

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